quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Revolta: destruir e edificar

Eu sou ele, você é ele, nos somos ele: o ser humano. Dentre todas as espécies, o ser humano é a mais contraditória nas relações sociais estabelecidas com seus semelhantes. Ele trata seus iguais como desiguais através de instituições sociais e condutas éticas, advindas de seu modo de organização social. Ao criar instituições como o Estado e a propriedade privada, o ser humano cria também uma rede de relações sociais, que acaba por beneficiar alguns poucos indivíduos em detrimento de uma grande maioria, que se prejudica com a exclusão dos benefícios da vida em sociedade.
O que será que impede esta grande maioria de indivíduos de se insurgirem contra esta atual organização capitalista que os excluem do beneficio produzidos pela sociedade? Pois, voluntariamente, o ser humano não se submeteria a autoridade, a instituições e a regras sociais que degradam a sua condição humana e limitam a sua capacidade de ser. O atual sistema destrói o mundo físico e reduz a condição humana a um desumano estado de miséria e ignobilidade, no qual ele não tem a capacidade material de desenvolver todas as suas potencialidades físicas e metafísicas. A única forma que ele dispõe para mudar a sua subjugação frente a atual organização social seria a REVOLTA, para DESTRUIR e, em seguida, EDIFICAR.

O objetivo central da revolta seria a insurgência contra o atual modelo capitalista de organização social. Revolta contra a atual divisão social do trabalho; revolta contra o Estado; revolta contra as leis; revolta para destruir tudo isto. Não podemos ter medo de destruir, pois a paixão por destruir é também uma paixão criativa. Mas antes de criar o novo, deve-se destruir, não podemos ficar reformando. Já que a reforma não modifica os alicerces. Ela apenas muda a decoração externa, mas, no interior, ainda continua a podridão e a estrutura degradante, gerando várias colunas retorcidas.
Após a destruição vem a edificação. O atual modelo de organização econômica e social seria substituído por outro. A substituição se daria de forma horizontal e teria a origem em princípios de liberdade e coletivismo. O novo modelo edificado excluiria o Estado, a propriedade privado junto com o que eles acarretam como a miséria, a desigualdade e a exclusão social, bem como a autoridade e a degradação física e metafísica do ser humano.O novo modelo de edificação para a organização social seria o anarquismo, pautado em princípios de autogestão, ação – direta, cooperativismo e federalismo.

AUTOGESTÃO é um modelo de organização em que o relacionamento e as atividades econômicas combinam controle efetivo dos meios de produção com participação democrática da gestão. Autogestão também significa autonomia. Os trabalhadores devem ter a capacidade e o poder de decisão sobre tudo o que acontece na no meio de trabalho. Os empreendimentos autogestionários têm como dono o próprio trabalhador (a). Isso faz a diferença, pois, é o trabalhador que decide sobre sua própria vida.

FEDERALISMO libertário é um método organizacional que consiste na divisão da sociedade anarquista em grupos ou divisões operacionais - criadas quando há necessidade - para o exercer pleno da solidariedade e do mutualismo. Esse conceito consiste na subdivisão organizacional temporária ou permanente da sociedade libertária – em federações, comunas, confederações, associações, cooperativas, grupos e qualquer outra forma de conjugação da força operacional humana – para a maior eficiência das interações humanas, sociais. Por intermédio do federalismo, de cunho libertário, seria possível uma intervenção rápida e direta do homem frente às problemáticas emergentes na sociedade anarquista.

AÇÃO – DIRETA não se deve delegar a solução de problemas a terceiros, mas antes, atuar diretamente contra o problema em questão, ou, de forma mais resumida, "A luta não se delega aos heróis". Sendo assim, rejeitam-se os meios indiretos de resolução de problemas sociais, como a mediação por politicos e/ou pelo Estado, em favor de meios mais diretos como o mutirão, a assembléia (ação direta que não envolve conflito), a greve, o boicote, a desobediência civil (ação direta que envolve conflito), e em situações críticas a sabotagem e outros meios destrutivos (ação direta violenta).

Após a detruição do atual modelo de organização social capitalista, edifica-se uma nova forma de organização social pautada em princípios anarquistas que possibilitem o desenvolvimento de todas as potencialidades do ser humano. Não podemos ter receio de destruir o atual modelo, basta a revolta, pois podemos do inferno céu fazer, do céu inferno. Sem nada nem acima e nem abaixo de nós.

Por Breno Rodrigues de Paula

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