quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Inconsciente coletivo....

O mundo não é cor-de-rosa. As pessoas não são felizes. Não conheço meu vizinho. Dói mais quando respiro. Não acredito que ele fez isso. Quem é aquela ali? Se você acha que é melhor, faça. Eu estou sozinho, ainda que existam muitas pessoas ao meu redor. Queria colo. E o que vou fazer? Ainda bem que está chegando o fim de semana. To gorda. Será que vou? Desculpa! Que dor de barriga! Essa aula não termina nunca. To indo mãe. Claro! Me liga! Quanto tempo! Nossa como você cresceu! Feia! Onde será que vou levar ela? Vou fingir que é engano. Queria mais um pedaço. Que legal! Te odeio! Quero aquele! Que sono, nossa! Arroz e feijão de novo! Não sei qual escolher. Ai não chega nunca! Gostosa, hein! Tiiiiaaa! Por que estou fazendo isso?

Onde quero chegar com tantas frases?

Também me fiz a mesma pergunta. Existe por certo um falar coletivo. Idéias, atos, movimentos e afins que herdamos, desde que as necessidades dos homens deixaram de ser só esconder-se do leão que ia atacá-lo ou combinar como seria a caça. As carências humanas em todos os sentidos foram se complexificando e são compartilhadas por todos os Homens.

Homo sum, nihil humani a me alienum puto.

Você com certeza já disse ou pensou, senão todas, algumas dessas frases. Estes mesmo pensamentos estão grafados em paredes, pedras, madeira, papiro, papel desde os mais remotos tempos. As angústias pela aparência, os sintomas biológicos, o sentimentos desordenados, as dúvidas, as ansiedades, os vocativos, tudo é da mesma maneira. E dessa forma penso que a evolução que tanto nos gabamos na verdade é parcial. O homem não evoluiu. Mata, fere, respira, se alimenta, caminha, excreta, fala, age como sempre fez. Uma inconsciência coletiva, primitiva o homem. O faz retornar as suas raízes mais profundas, onde impera o dionisíaco lado do ser. É fato. Basta ouvirmos Tambores! Sons de percussão e bateria e estamos todos a pulsar numa mesma freqüência. O ritmo das raves simula os sons primordiais e dançamos. Dance, monkeys, dance!- já dizia o vídeo do youtube.

E acredito que isso deva fazer muito bem ao macaco evoluído que usa a fantasia de gravata e terno e mira sua vida no tic-tac. Se não fizesse bem, não mais seria assim, e ainda o é. A essência estranha da qual fomos feitos nos irmana nesse mundo-aldeia e nos dá a esquisita impressão de que somos conhecidos. Talvez seja essa a reencarnação. O espírito comum faz parte de todos os corpos e fará parte por todo o tempo que o tempo permitir. E morremos, e viraremos matéria putrefata, e seremos alimento, de outros seres, de nós mesmos.

É o ciclo-sem-fim.


A autoria da vida...

Entre sonhos e planos,

Passamos parte da vida

Na maioria das vezes escondida

entre perdas e danos.


Lembramos de outros anos

Daquela pessoa querida

Também de certo perfume que usamos

E da roupa preferida


O comboio de cordas, a ida

lugares por onde vamos

sem saber por onde rumamos


a sempre, incansável lida

de onde quer que escrevamos

o livro nosso, a saída.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Revolta: destruir e edificar

Eu sou ele, você é ele, nos somos ele: o ser humano. Dentre todas as espécies, o ser humano é a mais contraditória nas relações sociais estabelecidas com seus semelhantes. Ele trata seus iguais como desiguais através de instituições sociais e condutas éticas, advindas de seu modo de organização social. Ao criar instituições como o Estado e a propriedade privada, o ser humano cria também uma rede de relações sociais, que acaba por beneficiar alguns poucos indivíduos em detrimento de uma grande maioria, que se prejudica com a exclusão dos benefícios da vida em sociedade.
O que será que impede esta grande maioria de indivíduos de se insurgirem contra esta atual organização capitalista que os excluem do beneficio produzidos pela sociedade? Pois, voluntariamente, o ser humano não se submeteria a autoridade, a instituições e a regras sociais que degradam a sua condição humana e limitam a sua capacidade de ser. O atual sistema destrói o mundo físico e reduz a condição humana a um desumano estado de miséria e ignobilidade, no qual ele não tem a capacidade material de desenvolver todas as suas potencialidades físicas e metafísicas. A única forma que ele dispõe para mudar a sua subjugação frente a atual organização social seria a REVOLTA, para DESTRUIR e, em seguida, EDIFICAR.

O objetivo central da revolta seria a insurgência contra o atual modelo capitalista de organização social. Revolta contra a atual divisão social do trabalho; revolta contra o Estado; revolta contra as leis; revolta para destruir tudo isto. Não podemos ter medo de destruir, pois a paixão por destruir é também uma paixão criativa. Mas antes de criar o novo, deve-se destruir, não podemos ficar reformando. Já que a reforma não modifica os alicerces. Ela apenas muda a decoração externa, mas, no interior, ainda continua a podridão e a estrutura degradante, gerando várias colunas retorcidas.
Após a destruição vem a edificação. O atual modelo de organização econômica e social seria substituído por outro. A substituição se daria de forma horizontal e teria a origem em princípios de liberdade e coletivismo. O novo modelo edificado excluiria o Estado, a propriedade privado junto com o que eles acarretam como a miséria, a desigualdade e a exclusão social, bem como a autoridade e a degradação física e metafísica do ser humano.O novo modelo de edificação para a organização social seria o anarquismo, pautado em princípios de autogestão, ação – direta, cooperativismo e federalismo.

AUTOGESTÃO é um modelo de organização em que o relacionamento e as atividades econômicas combinam controle efetivo dos meios de produção com participação democrática da gestão. Autogestão também significa autonomia. Os trabalhadores devem ter a capacidade e o poder de decisão sobre tudo o que acontece na no meio de trabalho. Os empreendimentos autogestionários têm como dono o próprio trabalhador (a). Isso faz a diferença, pois, é o trabalhador que decide sobre sua própria vida.

FEDERALISMO libertário é um método organizacional que consiste na divisão da sociedade anarquista em grupos ou divisões operacionais - criadas quando há necessidade - para o exercer pleno da solidariedade e do mutualismo. Esse conceito consiste na subdivisão organizacional temporária ou permanente da sociedade libertária – em federações, comunas, confederações, associações, cooperativas, grupos e qualquer outra forma de conjugação da força operacional humana – para a maior eficiência das interações humanas, sociais. Por intermédio do federalismo, de cunho libertário, seria possível uma intervenção rápida e direta do homem frente às problemáticas emergentes na sociedade anarquista.

AÇÃO – DIRETA não se deve delegar a solução de problemas a terceiros, mas antes, atuar diretamente contra o problema em questão, ou, de forma mais resumida, "A luta não se delega aos heróis". Sendo assim, rejeitam-se os meios indiretos de resolução de problemas sociais, como a mediação por politicos e/ou pelo Estado, em favor de meios mais diretos como o mutirão, a assembléia (ação direta que não envolve conflito), a greve, o boicote, a desobediência civil (ação direta que envolve conflito), e em situações críticas a sabotagem e outros meios destrutivos (ação direta violenta).

Após a detruição do atual modelo de organização social capitalista, edifica-se uma nova forma de organização social pautada em princípios anarquistas que possibilitem o desenvolvimento de todas as potencialidades do ser humano. Não podemos ter receio de destruir o atual modelo, basta a revolta, pois podemos do inferno céu fazer, do céu inferno. Sem nada nem acima e nem abaixo de nós.

Por Breno Rodrigues de Paula